setembro 22, 2010

Mundo Salgado

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A SUA PRANCHA E A DO PRÓXIMO CLIENTE?

Nenhuma! Devo confessar que não mudava de opinião tão radicalmente desde o hexacampeonato do São Paulo no Brasileirão do ano passado. Mudei graças a Jefferson Freiberg proprietário da Hawaiian Soul e Junior Pereira seu braço direito em um dos negócios mais complicados de administrar no mundo do surfe brasileiro - venda de pranchas prontas.

Para me fazer entender. A HS é uma empresa que atua a mais de 10 anos no ramo de vendas de pranchas e acessórios e possui cerca de 800 pranchas com diferentes configurações em seu estoque. É isso mesmo, vendem pranchas prontas. Para a maioria dos surfistas que conheço fazer a prancha direto com o shaper possui uma mágica que para mim morreu. Morreu porque, salvo exceções, os shapers desenvolvem um modelo básico, para todos que entram em suas fábricas. Essas exceções são obviamente seus atletas e surfistas que os shapers conhecem há algum tempo. Para você que entra na fábrica pela primeira vez e responde aquele questionário – peso, altura e tipo de onda – a prancha será a mesma. Tem sempre uma diferença pequena de uma para outra, mas em geral, a maioria tem: 6’4 x 11 x 18.5 x 14 x 2.5 – são as medidas da maioria das pranchas que saem das fábricas brasileiras.

Mas porque a HS é uma das únicas lojas que vendem exclusivamente pranchas de surfe? Bom, a resposta é complexa, mas basicamente podemos afirma que estamos no Brasil e está é a principal razão. Aqui tudo demora a ser atualizado, aqui tudo tem um “jeitinho” e aqui sempre entendemos de tudo – futebol, carros e pranchas de surfe. Nenhum outro mercado acontece o contato direto com o fabricante, você não compra as quilhas ou roupas de borracha em outro lugar que não nas lojas, isso só ocorre com as pranchas. Como disse Jefferson à revista Hardboard de 2008 “Se você for à fábrica da Chevrolet, eles não te venderão um carro”.

As fábricas deveriam vender diretamente para os lojistas que investem no ponto de venda, teriam assim mais possibilidades de vender seus diferentes modelos. Ou investir pesado em vendas e suprir assim as lojas. Mas acima de tudo entender que FAZER pranchas é uma coisa e VENDER é outra. O caminho lógico de um consumidor é ir até uma loja especializada e escolher, dentre os modelos de seu fabricante favorito, aquele que melhor atente suas expectativas. Isso traria infinitos benefícios para os próprios fabricantes. O principal é que com a maior concorrência no ponto final de venda, fabrica com produtos ruins seriam extintas deixando assim fabricação de prancha para quem realmente trabalha com materiais de primeira linha. Por outro lado, as lojas também devem investir mais na compra de pranchas junto aos fabricantes. Vender somente Wetworks, porque é a mais famosa ou pranchas gringas porque brasileiro é “baba-ovo”, também não ajuda. Na compra das principais pranchas, os lojistas deveriam procurar fabricantes menores e com qualidade. Sobraria assim, mais tempo e dinheiro para os fabricantes investirem no que realmente importa – novos modelos (junto aos atletas) e novos designs – parecido com a industria automobilística.

Já posso ver o mercado de pranchas de surfe funcionando como os de carro. Você quer uma prancha, vai até uma concessionária, tira as dúvidas finais com o especialista (treinado pela fábrica), escolhe o modelo, negocia o preço, paga em 1000 vezes sem juros e sai de lá com um modelo “exclusivo” - 6’4 x 11 x 18.5 x 14 x 2.5 – assim como acontece nas gigantes fabricantes de carro.

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