outubro 16, 2010

VOCÊ ESTÁ SURFANDO COM A PRANCHA CERTA?


Eu não estava. Era 2009 quando Rafa ligou todo empolgado. “Vamos descer, o swell vai estar de sul, on vento de Leste e a bóia marcando mais de 2 metros. Anda. Vamos hoje à noite”. Ele estava realmente empolgado. Chequei na internet e realmente prometia. “Resolve. Agente sai hoje ás dez”, falou isso e desligou. “Mas...”, tentei argumentar em vão. Estava esperando o chamado de um estúdio de design desde o início de fevereiro e até aquela data nada. Arrumando a mala – uma prancha, uma sunga, duas bermudas e uma camiseta – fiquei pensando se estava fazendo a coisa certa. Sair no meio da semana pra surfar estando “desempregado”... Sei lá.

Em ondas pequenas, pranchas pra mar pequeno (aprende Barba)...

Chegar ao litoral norte no meio de semana é demais. Em vez de enfrentar horas de congestionamento que transforma 1h 45m em mais de 3h. Dormimos e acordamos cedo. Camburizinho estava fechando. Mais a frente chegamos a Cambury. Onda boa. Cavada, rápida e forte. Minha barriga gelou. Ninguém caindo. O mar, grande. Não tinha noção de quão grande. Mas dava um certo medo. Por algum motivo Rafa entrou correndo no carro e disse: “Vamos logo. O Mágico deve estar perfeito!”. Mágico, que coisa gay é essa? Pensava enquanto chegávamos ao pico. Na verdade ele se referia ao canto direito da Baleia. Eu não conhecia. Olhamos o mar. Estava um pouco menor. E tinha um canal. Suspirei aliviado. Peguei minha prancha. Uma 6´1´´, que estou usando a mais de um ano e meio. Tempo demais pro meu gosto. Culpa da crise. Entramos pelo canal e ao chegar lá fora avistei uma espuma grande que se transformava em uma esquerda curta para o canal e uma direita longa para o meio da praia. Eba! Tamanho? Um metro e meio. Talvez mais na série. O problema é que minha prancha estava horrível. Sem projeção. Lenta. Deixou-me perder incontáveis direitas. Ridículo.

Na verdade só tinha um cara realmente arrepiando. Um cara que nem surfava tão bem assim. Mas vinha nas melhores da série e com muita segurança no bottom turn conseguia fazer a direita perfeita até o inside. Voltava pelo canal com aquele sorriso de criança com doce. Saímos ao meio dia. Quatro horas de surfe perdidas para mim. No carro da frente estava o mais felizardo do dia. Sua prancha estava em cima do rack e dali me parecia uma 6´0´´. Seis e um no máximo. Pedi-lhe para ver a prancha e ao conferir o bottom a surpresa. Tamanho: 6´4´´. Minha cabeça estalou. Claro! O mar tinha mais de um metro e meio e eu querendo me dar bem com uma 6´1´´ com mais de cem mil quilômetros rodados.

...já nas ondas grandes....

Na segunda session já de tarde peguei com o Rafa uma 6´4´´ emprestada. O mar tinha perdido um pouco de força. Será que estava grande o suficiente para justificar minha troca? Remei para fora. Bem para fora. Na esperança de pegar a maior do dia. Em vinte minutos olhava para trás e via todo mundo pegando onda e eu não. Cansei. Voltei um pouco e dez minutos depois nada. Já estava puto. Ao meu lado o cara da manhã acabara de entrar. Pensei agora já era. Ele vai pegar tudo. Não deu outra. Em vinte minutos o cara surfou mais onda que eu até aquele mesmo momento. Eu entrava cedo na onda, acelerava, mas na hora de virar a prancha não respondia. Ao sair do mar, num dia de altas ondas e surfando tão mal pensei: “O que deu errado?”. A resposta estava novamente com o cara. Ele havia parado o carro ao nosso lado novamente. Sorria como ninguém. Já eu... Pedi para ver novamente a prancha, na esperança de encontrar algo realmente novo naquela 6´4´´. Acabei achando. A prancha era igual, mas na medição marcava 6´1´´.

Após esse dia tenho pensado se surfamos com as pranchas certas nos mares certos. Certamente eu não estava surfando.

Entendo que, pela grana, é difícil manter um quiver mais amplo. Mas isso faz TOTAL diferença entre a diversão ou não. Isso serve também para todos nossos acessórios, ou você gosta de passar frio pois está sem um Long?

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